CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio
PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio
Apontado há alguns anos como o combustível mais econômico para o consumidor, o GNV (gás natural veicular) vem perdendo esse posto nos principais mercados do país para o álcool. Em São Paulo, já chega a ser 20% mais caro, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Na média de todo o Brasil, o GNV custa 12% mais do que o álcool.
Incentivado no início do governo Lula diante das perspectivas de gigantescas reservas na bacia de Santos, que não se confirmaram, o GNV tornou-se um patinho feio entre os combustíveis a partir da crise em torno do fornecimento de gás boliviano, em 2005. Desde então, o governo passou a desestimular o uso de GNV e a Petrobras passou a fazer correções trimestrais, que estavam congeladas até então.
Em agosto de 2003, no primeiro ano do governo Lula, o metro cúbico do GNV era 14% mais barato do que o litro do álcool, na média de todo o país. De lá para cá, o GNV subiu 56% e o álcool, 21%. Somente este ano, o metro cúbico do GNV está 16% mais caro.
O levantamento da ANP indica que em São Paulo, o GNV subiu, em média, 52% desde 2003. Atualmente, o metro cúbico é encontrado por R$ 1,506 médios nos postos. O litro do álcool em São Paulo custa, em média, R$ 1,254, alta de 30% desde agosto de 2003.
No Rio, principal mercado consumidor de GNV, o metro cúbico do combustível ainda é 3% mais barato do que o litro do álcool. Há cinco anos, essa diferença era de 16%, e chegou a alcançar 53% em 2006, quando o preço do álcool disparou. Nos últimos cinco anos, a alta do GNV chega a 49%. O álcool, por sua vez, aumentou 32%.
O presidente do comitê de GNV do IBP, Rosalino Fernandes, disse que o preço do GNV tem de ser 50% mais caro do que o do álcool para deixar de ser competitivo. Isso porque o rendimento do gás veicular é maior: enquanto um carro faz 14 km por metro cúbico de GNV, o veículo percorre 7 km com um litro de etanol.
"O preço pode estar mais alto em alguns lugares, mas quando se compara um combustível com o outro é preciso saber qual é o rendimento de cada um".
Segundo ele, muitos consumidores que deixaram de abastecer seus veículos com GNV já estão voltando a consumir o combustível por perceberem que seu rendimento é melhor. Uma exceção, diz, é o mercado paulista, onde o GNV não se recuperou ainda.
Ele reconhece também que o aumento do preço do GNV já afetou tanto as vendas do produto como o número de conversão de veículos para gás, que caiu em junho. "Muitos mercados, porém, já reagiram em julho, o que não é o caso de São Paulo".
Atualmente, a frota de GNV é de 1,562 milhão de veículos. A maior está no Rio: 668 mil unidades, seguida por São Paulo, com 381 mil.
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