Acostumadas a serem desrespeitadas em seus direitos, as pessoas chegam a se assustar quando são bem tratadas pelas empresas. Ou seja, o que deveria ser regra virou exceção
Fonte: G1
Acostumado a ter que esperar horas na central de atendimento, a ser transferido inúmeras vezes até a ligação cair e insistir em inúmeros telefonemas sem resposta até decidir recorrer aos órgãos de defesa para tentar resolver o problema, o consumidor brasileiro leva um grande susto quando a empresa, de livre e espontânea vontade, soluciona a questão de forma rápida. Não deveria ser assim depois de 17 anos da criação do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que faz aniversário amanhã. Mas a realidade é que, apesar de quase duas décadas de vigência, o que é regra vira exceção – e o cliente tem que suar a camisa para exercer seus direitos. Prova disso é que os Procons, entidades de defesa e espaços destinados pela imprensa aos direitos do consumidor, como a seção Segunda Via, do Estado de Minas, estão abarrotados de queixas.
Um desses casos raros de respeito ao código aconteceu com a culinarista Nirtes Inês Vieira. Em menos de um ano, ela teve o mesmo problema duas vezes com uma fabricante de farinha de trigo e ficou impressionada com a rapidez com que a questão foi solucionada. “Sempre compro fardos de farinha para fazer biscoitos para vender. Em uma das vezes, esqueci de peneirá-la e estava difícil de dissolver. Liguei para o 0800 da empresa na mesma hora e eles disseram que trocariam e que enviariam um técnico a minha casa para fazer a análise do produto. Só não vieram no dia seguinte porque eu não estaria em casa”, afirma. Na segunda vez em que o problema ocorreu, a farinha de trigo também foi trocada imediatamente. “O técnico veio até minha casa, peneirou a farinha e viu que havia algum problema. Fiquei até surpresa com a eficiência da empresa, pois achei que nem iam dar atenção à minha queixa”, diz.
Nirtes também não deixa por menos. Sempre que detecta algo errado nos produtos que leva para casa, entra em contato com a empresa. “Eu troco tudo”, ressalta. E, até hoje, sempre foi bem atendida. Ao entrar em contato com um fabricante de sucos porque o produto estava impróprio para consumo, conseguiu a troca. “E ainda me ligaram e justificaram que demoraram porque custaram a receber o e-mail”, diz. Para trocar uma calça que desbotou depois das primeiras lavadas, Nirtes também não encontrou nenhum obstáculo. A ocorrência mais recente foi com um pacote de granola que estava com a gordura velha. “O dono da empresa agradeceu o meu contato, o que, segundo ele, é bom para aprimorarem a qualidade. Eu já tinha consumido um pouco da granola e ele me deu um pacote novo”, relata.
SUPERMERCADOS
Em supermercados, o atendimento também é satisfatório para a pedagoga aposentada Maria Alice Rangel Corrêa. “Quando precisamos trocar algum alimento que estava vencido ou estragado, sempre foram muito solícitos com a gente”, diz. A consumidora também se lembra de que, certa vez, um eletrodoméstico que ela comprou apresentou defeito, mas a loja trocou o produto sem pôr nenhum obstáculo. “Procuro sempre fazer compras em lugares menores, onde o atendimento é mais personalizado. Em lojas grandes, acho que é mais complicado, pois precisamos passar pela central de atendimento”, observa.
Sempre atenta à data de validade e aparência dos produtos, Maria do Céu Kupidlowski Paixão, coordenadora-executiva do Movimento das Donas-de-Casa e Consumidores de Minas Gerais, nunca teve problemas com alimentos, mas se lembra de uma colega que comprou um iogurte estragado e a troca foi feita imediatamente. “No supermercado em que faço compras, se vejo algum produto fora do prazo de validade, falo com o gerente ou com um dos funcionários, e retiram as mercadorias na mesma hora”, afirma. Mas nem sempre é assim. Wilma Patrícia Loureiro, funcionária pública aposentada, teve dois desfechos para compras que fez por telefone. Ao reclamar da propaganda enganosa do ferro de passar roupas, recebeu a devolução do valor pago em 10 dias. Já em relação a uma bolsa que apresentou defeito, ficou sem o dinheiro e sem a mercadoria.
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